DEZ DICAS PARA OS SOLTEIROS QUE DESEJAM UM NAMORO SANTO

 Esta postagem é para você que está pensando em namorar. O professor Felipe Aquino dá 10 dicas para os solteiros que desejam um namoro santo.

1.    Só comece a namorar quando tiver a convicção de que quer, um dia, se casar. Sem um objetivo na vida, tudo o que fazemos fica vazio; o namoro também, se não tem uma meta, não tem sentido.
2.    Antes de começar a namorar alguém, conheça-o bem por meio de uma boa amizade. É na amizade que surge o namoro, e ela serve também como um pré-namoro. Não seja afoito, não comece a namorar só porque o outro (a) tocou seu coração; conheça-o primeiro.
3.    Faça do seu namoro um tempo de conhecimento do outro e um meio de o outro conhecer você. Sem isso não será possível saber se o namoro deve continuar ou não. Não se ama quem não se conhece. Então, cada um se revele ao outro com sinceridade.
4.    Não tenha medo de mostrar ao outro a sua realidade e a de sua família. Se ele ou ela não o aceitar como você é, e também sua família, com todas as qualidades e defeitos, é porque não o ama de verdade.
5.    Faça o outro crescer. Namoro é tempo de crescer a dois, pelo fermento do amor, da renúncia, do sacrifício pelo outro. Um relacionamento, no qual ambos não crescem humana e espiritualmente, por estarem juntos, é vazio e deve acabar.
6.    Não deixe o egoísmo tomar conta do relacionamento, pois um casal egoísta é como duas bolas de bilhar que só se encontram para se chocarem e se separarem. O egoísmo mata o amor e destrói o relacionamento.
7.    Não faça do seu namoro uma vida de casado, com vida sexual e intimidades conjugais. Amanhã, o namoro pode terminar e a marca ficará em você, sobretudo, na mulher. Só tem sentido entregar-se a alguém que, antes, colocou uma aliança em sua mão esquerda e lhe jurou amor e fidelidade até o último dia de sua vida. Não desvalorize suas decisões, seu corpo e sua vida.
8.    Não prenda seu namorado pelo sexo, não faça dele uma “arma”, porque a “vítima” pode ser você. Quantas ganharam uma barriga antes da hora, sem ter um berço e um teto para seu filho! Ele merece mais do que isso.
9.    Não tenha medo de terminar um namoro, no qual só existe briga e reclamação; não empurre o problema com a barriga. Namoro é tempo de conhecer e escolher sem pressa e sem paixão que cega a razão. É melhor chorar uma separação, hoje, do que depois de casados.
10. Não deixe Deus fora do seu namoro, pois foi Ele quem nos criou, foi Ele quem instituiu o casamento entre um homem e uma mulher e será Ele quem os unirá para sempre. Deixe que a mão forte de Cristo esteja entre as suas mãos fracas.

São sábias dicas que te ajudarão a encontrar uma pessoa que te ajudará a chegar no céu!

A ESPIRITUALIDADE DO COTIDIANO

Nas missões que os seminaristas realizavam no final do ano visitando as casas uma senhora me falou: “Acho que eu deveria ter sido uma religiosa. Sinto muita vontade de viver uma espiritualidade profunda, mas as coisas do dia-a-dia me dispersam e acabo vivendo na superficialidade!” Me calei e não respondi, mas fiquei inquieto com a fala da senhora. Me perguntava se de fato ela poderia ter errado a sua escolha vocacional. Afinal ela era mãe de três filhos, possuía marido, cuidava da casa e ainda trabalhava como costureira, fazendo pequenos serviços… de fato era impossível viver a espiritualidade num ambiente familiar.
Depois de algum tempo, eu estava fazendo retiro em um mosteiro de monges. Um deles, parecendo angustiado, partilhou o que o angustiava. O ambiente do convento era depressivo demais, não era possível viver uma grande espiritualidade. Na mesma hora lembrei-me da senhora e perguntei para ele caso ele fosse casado será que seria diferente?
Nossa espiritualidade deve ser sempre preenchida, não pode existir vazio. São poucos os santos que tinha tamanha experiência com Deus, que nada os dispersara. A nossa espiritualidade deve ser do cotidiano, nossas tarefas devem ser feitas em clima de espiritualidade. Tudo depende do modo como olhamos para cada tarefa. As atividades do dia-a-dia deve ser feita de tal forma que nos santifique. Em primeiro lugar fazer bem feito, caprichar e dar o máximo de si naquilo que estamos fazendo. Feito isso, podemos trabalhar de maneira mais serena e sentir aquilo que estamos realizando.
Jesus era alguém que vivia intensamente sua espiritualidade,  cada almoço na casa de gentios, quando conversava com mestres e doutores, nos encontro com paralíticos e leprosos. Quando questionado sobre o lugar para ter encontro com Deus, ele responde que não se encontra Deus num lugar, mas “Em Espírito e Verdade”. Sua vida espiritual pode ser superficial nos grandes momentos de adoração, porém muito profundo na praça. Os místicos são pessoas que vivem cada instante como uma semente de eternidade e encontram o paraíso em uma gota d’água. Não é preciso dominar o mundo para ser feliz. Na experiência de quotidiano esconde caminhos de felicidade que só encontra quem tem um coração aberto para encontrar a sintonia correta.

É muito válido de vez em quando e encontrar um lugar retirado para ficar em silêncio, silêncio interior, tal como Jesus que de noite quando subia ao monte para rezar. Talvez o travesseiro seja um bom companheiro para a espiritualidade do dia-a-dia. Vale a pena uma dica: durma rezando que você rezará dormindo.

YOUCAT SCHOOL: VIDA SEXUAL DO JOVEM E O MATRIMÔNIO



- Por que razão a Igreja é contra as relações sexuais antes do matrimônio?

Por que ela quer proteger o amor. Uma pessoa não pode doar nada maior a outra do que a si mesma. “Eu te amo” significa, para ambas, “eu quero-te somente a ti, quero-te totalmente  e quero para sempre!” Porque assim é, não se pode dizer “eu te amo” apenas por um período de tempo ou por uma prova, mesmo que seja apenas com o corpo. [2350, 2391].

Muitos pensam que vivem seriamente as suas relações pré-matrimoniais. E, no entanto, confrontam-se com dois elementos incompatíveis com o amor: a exit option e o medo de engravidar. Porque o amor é tão grande, tão santo e tão único, a Igreja pede insistentemente aos jovens que esperam pelo casamento para assumirem totalmente o relacionamento sexual. 



- Como pode alguém viver como jovem cristão, se já vive uma relação pré-matrimonial?

Deus ama-nos em cada momento, em cada estado obscuro, e até em estado de pecado. Deus ajuda-nos a procurar a verdade total do amor e a encontrar caminhos para viver cada vez mais inequívoca e decididamente. 

Em diálogo com um    sacerdote ou um cristão fidedigno e experiente, os jovens podem procurar um caminho para poderem viver o seu amor cada vez mais claramente. Eles compreenderão que cada vida é um processo e que, como sempre ocorreu, pode acontecer um novo início com a ajuda de Deus.

Somos sempre autênticos?


"Pouco importa o julgamento dos outros.Os seres são tão contraditórios que é impossivel atender às suas demandas, satisfazê-los. Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro..." - Dalai Lama.

Haverá paraíso sem perder o juízo, sem morrer?

 


Quando a vida chega ao extremo, desafia nossa bondade e quase nos leva ao desespero ao sentir na boca o gosto amargo daquele desabafo "mas assim não vale a pena viver"... Como é possível que alguns consigam ver vida onde vemos falta de perspectiva? Como alegram-se, se vemos desolação? E como chegam a caminhar de olhos erguidos, se nós só queremos dar um "reset"? Afinal, para quê viver uma loucura destas?

O que realmente é necessário?

Em um relatório disponibilizado pela Associação de Editoras Online na segunda, destacou-se a estatística de que 68% dos proprietários de smartphones dizem que “não conseguem viver sem seus aparelhos”. Que monte de bebês chorões. Não me interessa quem você é ou o que você faz: você consegue viver sem um maldito smartphone. 
 
A menos que eu esteja realmente por fora dos avanços tecnológicos, os smartphones não lhe dão de comer, água não brota deles e eles tampouco fabricam roupas. Eles não fazem fogo, produzem remédios ou dão crianças à luz. Os smartphones, com suas páginas de apps e funções bem mais ou menos de “assistentes pessoais inteligentes,” não são capazes de protegê-lo da chuva ou ajudá-lo contra uma investida de hienas raivosas. Se você disser que gosta do seu smartphone porque o considera uma ferramenta útil para tornar a vida mais simples, isso faz muito sentido. Mais poder para você. Mas martelos também são ferramentas úteis para tornar a vida mais simples e, ainda assim, eu não consigo visualizar um mundo onde quase 70% dos proprietários de martelos diga que não conseguiria viver sem seus batedores de pregos.

Proclamar que você não consegue viver sem o seu smartphone não é apenas errado, é de certa forma ofensivo. É como dizer que você não conseguiria viver sem ar condicionado ou Breaking Bad ou presentes no Natal. A maioria das pessoas do mundo vive sem essas coisas e a maioria delas, adivinhe, vive razoavelmente feliz. Ainda assim, 68% dos usuários de smartphones querem sugerir, tacitamente, que as vidas dessas pessoas não vale a pena porque elas não carregam em seus bolsos um celular que diz a previsão do tempo ou permite jogar Plants vs. Zombies. Tente dizer a uma criança da Bósnia que teve a sua casa cravejada por tiros que você não consegue viver sem seu smartphone. Veja quanta simpatia você terá dela.

Para ser sincero, eu seria capaz de apostar que um bom número dos que responderam a essa pesquisa estava sendo irônico quando disse que não conseguiria viver sem seu aparelhinho. Uma resposta irreverente a uma pergunta séria; eu duvido que você consiga encontrar uma dezena de pessoas que literalmente equipare smartphones a água e comida. Mas a forma de dizer as coisas importa e se existem milhões de usuários de smartphones que balançam a cabeça em sinal de concordância quando alguém os questiona se eles precisam dos seus iPhones e Androids para viver, alguma coisa está terrivelmente errada.

Para mim, esse problema é um sintoma de um outro ainda maior que vem corroendo os Estados Unidos por pelo menos desde a época em que eu nasci. Em termos mais claros, parece que está cada vez mais difícil para muitas pessoas entender a diferença entre “precisar” e “querer”. Vivendo em uma nação rica e durante a era tecnologicamente mais avançada da história da humanidade, as linhas entre o que torna a vida possível e o que a torna confortável foram apagadas. Comida, água potável e um teto estão ao alcance da maioria dos norte-americanos e para muitos a estabilidade é uma constante há décadas.

Com o básico para a sobrevivência garantido, chegamos a um tempo onde a comida não é vista como uma necessidade da mesma forma que… digamos… nosso sangue não é visto como uma necessidade. A pessoa média raramente considera que ela precisa bombear sangue através das suas veias e coração para que ela viva — nossos corpos simplesmente fazem isso e não pensamos a respeito. Se você está lendo o Gizmodo, é bem provável que você encare a comida da mesma forma: você não se preocupa sobre de onde ela vem, ela apenas está ali. E por ela simplesmente estar ali, isso permite que nós criemos novos requisitos para a vida. Precisamos de ar condicionado. Precisamos de TVs. Precisamos de headphones caríssimos. Não conseguimos viver sem nossos smartphones. É como se tivéssemos nos transformado em um país de adolescentes, o tipo que grita dramaticamente ”Você está arruinando a minha vida!” se nossos pais nos tiram os privilégios do celular ou do carro.

Eu gosto de verdade de poder ver meu email do celular. Isso me economiza um tempão, estresse e dores de cabeça relacionadas ao trabalho. Adoro enviar mensagens e usar o meu notebook e o Google Hangouts, provavelmente a única coisa boa que saiu do Google+. Mas eu também acho importante me lembrar constantemente de que se todas essas coisas desaparecessem, a minha vida seria diferente, não pior. Nas primeiras semanas muito provavelmente ela viraria uma tremenda bagunça, mas depois de um tempo eu me acostumaria; talvez eu até gostaria dessa nova realidade. Na verdade, alguns estudos demonstram que os norte-americanos em média são mais infelizes hoje do que há 30 anos, antes do computador ser onipresente, antes dos smartphones estarem em todos os bolsos e bolsas, antes de nós termos nos transformado em obcecados por email. Outros estudos dizem que há uma correlação inversa entre a quantidade de mídia que as crianças consomem e a felicidade delas. Nós queremos — não, precisamos — de todas essas coisas e, quando as conseguimos, elas ainda assim não nos faz necessariamente aproveitar melhor a vida, mesmo que passemos a não conseguir mais imaginar a vida sem elas.

Uma das séries mais aguardadas da NBC é Revolution, um drama sobre o que acontece quando, por algum motivo, cada pedaço da tecnologia existente no mundo simplesmente para de funcionar. Milhões ficam sem chão por um tempo, claro. Mas a história central do programa é sobre a família e os amigos próximos, sobre encarar a situação e seguir em frente. Porque existe vida além da tecnologia, ainda que ela não tenha o mesmo sentido de quando você fica na fila à espera do próximo iPhone.

FONTE:  Gizmodo

O PERSONALISMO DE EMMANUEL MOUNIE



Emmanuel Mounier (1905-1950) era colega de Sartre e é conhecido como o fundador da corrente filosófica conhecida como Personalismo. Foi convidado a fundar uma revista que pensasse a crise nos países a partir de 1929. Tal crise, inicialmente financeira, provocou também uma crise cultural no Ocidente. Então, o Personalismo tentou criar um espaço cultural que pensasse solução para aquele contexto em crise. Esse espaço foi a revista Esprit, que teve sua primeira edição em outubro de 1932. O Tratado do Caráter e O Enfrentamento Cristão são as principais obras de Mounier. No entanto, seu primeiro livro publicado foi O Pensamento de Charles Péguy. Deste filósofo, Mounier adotou o conceito de encarnação, isto é, o Deus que entrou na história, por meio da Pessoa de Jesus Cristo. Vale ressaltar que Mounier influenciou fortemente o cardeal que mais tarde se tornou o para Paulo VI.
  

Para ele, a crise que se instalou a partir de 1929 caracteriza-se como o novo florescer da alma. Ela não poderia ser resolvida com números, mas precisava ser guiada pela ação do espírito, este entendido como algo que vai além dos dados meramente biológicos. A verdade nasce quando o espírito invade o homem, dizia Mounier. Ele também afirmava que se precisava fazer o novo Renascimento, e este deveria partir do indivíduo, visto que este último seria um dos causadores da crise ocidental.

Para Mounier, a pessoa não é o indivíduo, não é o manifestar-se da pessoa na superfície da própria vida. Para ele, o indivíduo é aquele refletido nas ações, nos personagens da vida. A pessoa se põe ao indivíduo porque ela não é a consciência que ela mesma tem dela. A pessoa não é a personalidade da pessoa, isso porque a pessoa é uma unidade muito mais ampla da visão que se tem dela mesma.

O pai do personalismo aponta três dimensões da pessoa humana: a vocação, a encarnação e a comunhão. A vocação se refere à missão do homem em descobrir progressivamente o seu lugar no mundo, os deveres que lhe competem na dimensão universal. Já a encarnação se refere ao fato de que ninguém pode se libertar da matéria. Quem quer ser anjo acaba por se tornar um animal. Não podemos evadir-nos da matéria, mas transformá-la. Por sua vez, a comunhão é a dimensão que permite à pessoa só encontrar-se consigo mesma dedicando-se à comunhão superior que chama e integra as pessoas entre si. Ele ensina que a meditação que serve à busca da própria vocação, o empenho no conhecimento da encarnação e a renúncia à iniciação ao dom. Sendo, portanto, estes três elementos reflexos das três dimensões do homem. E a pessoa que se perde em um destes pontos, perde o fio da vida. E Mounier chega à conclusão que o grande mal de seu século se reflete em duas doenças: o individualismo e a tirania coletiva.

Em 1964, Mounier escreveu O Personalismo. Neste texto, ele tenta dar um caráter sistemático a respeito do pensamento desenvolvido na revista Esprit. Na primeira parte desse livro, ele analisa a pessoa na relação com a natureza. Através do corpo, a pessoa não participa da natureza, mas se relaciona com ela, num processo de transcendência. Ainda nesse livro, a primeira dimensão que ele aponta sobre a pessoa é a comunicação, que é um dado primeiro. Na comunicação, segundo ele, fundamentam-se os atos originais. Primeiramente com a pessoa saindo de si mesma e colocando-se disponível aos outros. Depois, compreendendo os outros, parando de observar a partir do seu ponto de vista para compreender do lugar do outro. Em seguida, assumindo a alegria, o sofrimento e o dever do outro. E, depois, doar-se. A força viva do elã vital se manifesta na capacidade da pessoa se doar. Por último, a fidelidade. A fidelidade à pessoa, ao amor, à amizade é verdadeira somente quando são contínuos. Estes elementos são importantes porque constituem a relação pessoal.

Mounier aponta quatro pontos para o fracasso da comunicação: 1. Quando existe algo nos outros que foge ao nosso desejo de comunicar. Esse entrave procede da defesa do outro. 2. Quando existe também uma resistência ao esforço da reciprocidade. 3. Quando a nossa existência é opaca, o que não permite uma transparência na relação. 4. Quando constituímos uma aliança de reciprocidade (família, pátria, religião, etc.). Este tipo de relação se torna um pacto, acarretando numa dificuldade com o outro que não faz parte da aliança.
Na segunda dimensão, o filósofo aponta o recolhimento. Diz ele, precisamos entrar em nós mesmos e descobrir a nossa própria interioridade. Nesse processo, deparamo-nos com o tema do pudor, o qual é um sentimento que brota da pessoa que se percebe assediada, por isso tenta se proteger, para que ninguém identifique seu ser em suas manifestações. Ele afirma, somos muito mais que nosso corpo. E o contrário do pudor seria a vulgaridade, a exibição, que caracteriza a despersonalização. É no descobrir do pudor que se percebe a importância da vida privada, aqui identificada como um espaço para no encontrarmos conosco mesmo. Este espaço não é entendido por Mounier como um privilégio, mas como uma necessidade. No recolher conosco mesmo, encontramos a unidade desejada, que é a vocação, que é uma espécie de nova criação feita por Deus a cada dia.

Segundo Mounier, na pessoa humana há dois perigos: ficar fora de si mesma, o que caracteriza a vida superficial, e; o fechamento na vida interior, o isolamento em si mesmo. Ele diz que a condição para manter a interioridade, o homem precisa sair de si mesmo, sair da vida interior. Isso porque a pessoa é enfrentamento, a pessoa é um protestar constante, porque existir significa dizer sim, como também não. O homem para existir precisa concordar, bem como discordar.

Quanto à ideia de força, Mounier diz que o amor é luta, luta contra a morte. Aqui o amor não é entendido como força bruta, mas como força interior, como capacidade de tomar decisão. Quando uma pessoa decide-se por algo, precisa permanecer fiel a esse ideal, daí porque precisa de força. Ele diz que a vida não é comodismo, mas uma constante tomada de decisão, um colocar-se em luta constante por um objetivo. A pessoa é ato, decisão, afirmação. Ser não é apenas amar, mas uma afirmação de forças. Agir, então, é escolher, decidir que desperta a liberdade da pessoa. E o contrário, quando a pessoa abnega-se do direito de tomar decisão, quando não quer exercer o direito de excluir algo ou alguém, caracteriza a mentalidade infantil. No entanto, chegar-se-á o dia da recusa irreduzível, a qual define o homem verdadeiramente como livre. É verdade que a massa dos homens prefere a escravidão da escuridão ao risco da independência, a vida vegetativa ao não humano. Mas a vida é sempre liberdade de uma pessoa humana. Essa liberdade leva a entender que nem tudo é independente, mas que tem limites. A liberdade é sempre de uma pessoa situada. A liberdade é sempre um caminho de libertação, de personificação.

A terceira dimensão da pessoa, segundo Mounier, é a transcendência, a qual se desenvolve na capacidade produtora. A aspiração da transcendência da pessoa humana não é uma agitação, mas a negação de si mesma num mundo fechado. É o ser em busca do Ser. A dimensão da transcendência da pessoa manifesta um ser que cai além do ser mesmo. Essa projeção da pessoa é elevação, pois o ser da pessoa é constituído para superar-se. Sendo que o objetivo da transcendência é Deus, a pessoa suprema. Tal Transcendência é o grande foco da pessoa humana. Daí porque se faz a ligação íntima entre o Personalismo e o cristianismo.

A dimensão transcendente da pessoa se desenvolve no empenho de quatro ações: 1. O fazer, o dominar, o organizar a matéria. É a ação do homem sobre as coisas. Tal ação objetiva exatamente a eficácia, no entanto, não basta fazer, precisa-se encontrar a dignidade. 2. É o ponto de agir. A ação busca formar aquele que age, na dignidade. Este nível de ação ética tem sua finalidade na medida da autenticidade. 3. Teoria, ou seja, a capacidade de analisar os valores da ação. É a atividade contemplativa, desinteressada, que busca entender os sentidos e os valores das coisas. 4. Dimensão coletiva, comunicativa da ação. Uma teoria do empenho deve elaborar uma dialética entre os polos político e profético. E o homem de ação verdadeira é aquele que mantém essa dualidade.
Na segunda parte da obra de Mounier, publicada em 1949, ele aponta o Personalismo como a revolução do século XX. A revolução aqui entendida é a que parte do interior da sociedade, a espiritual. Para o pai do Personalismo, o homem verdadeiramente forte não busca dominar, mas comunicar a força contida na perseverança, e não no ataque. Por isso é necessária uma técnica dos meios espirituais que promoverão a revolução. Tais técnicas são: a presença e o esforço da santidade. E os meios para a efetivação da revolução espiritual são: a) o envolvimento de todos os meios não violentos à nossa disposição; b) os meios analisados por essa luta não serão condenados em si mesmos.

Vale ressaltar que um dos alvos do Personalismo é o homem burguês. O burguês, segundo Mounier, busca o bem-estar e é esperto. O burguês muda de campo apenas para garantir seus objetivos medíocres. Para o filósofo, o burguês é o contrário do cristão. Este, quando é autêntico, não se identifica com um partido, com um Estado ou com qualquer poder político, pois sabe que tudo isso vai acabar. O cristão autêntico confia sempre em Deus, porque sabe que o mal busca apossar-se do lugar do bem. O cristão autêntico bota fé somente no mundo pessoal, no qual cada ser é chamado, escolhido. No entanto, a resignação cristã não resulta numa inércia, pelo contrário, dá forças para lutar contra os pecados sociais. A vida do cristão autêntico passa pelo caminho da cruz, caracterizando uma evidente oposição ao modo de vida do burguês, que objetiva o comodismo. Mounier ensina que o burguês é o homem que perdeu o amor, o sentido do ser, que ignora a cruz.

karlos Lory de Oliveira


Redes sociais e a sociabilidade



Estima-se que cerca de um bilhão de pessoas no mundo possuem algum tipo de rede social, com a qual estabelecem contatos virtuais com pessoas de todo o mundo. Mas afinal qual é a finalidade de uma rede social? Passar horas diante de um computador compartilhando informações pode mudar o perfil das futuras gerações? As redes sociais se disseminaram globalmente, o Brasil é o país que possui a maior quantidade de sociáveis virtuais.

Uma em cada sete pessoas de todo o mundo possui algum tipo de rede social organizada por grandes sites como Facebook, Twitter, Orkut... Estas redes foram um verdadeiro tecido social virtual que permite compartilhar informações quase instantaneamente de locais mais remotos do globo. É possível ainda estabelecer contato e iniciar novas amizades com pessoas que moram em locais até mesmo desconhecido. Um fascinante mundo paralelo a nossa realidade, muitos se tornaram celebridade através deste meio.

A vida pessoal também está exposta, participamos de algum evento ou mesmo vivenciamos alguma realidade e imediatamente expomos comentários e fotos. Com isso é possível se informar e até mesmo emocionalmente se aproximar de pessoas queridas que estão a certa distância. Muitos destes sites oferecem recurso de interação em tempo real, desta forma é possível conversar com um amigo que está no Japão utilizando-se de uma câmera e microfone. Sem dúvida as redes sociais são um impulso a globalização das informações e representam uma “virada copernicana” no mundo das relações interpessoais ou intervirtuais.(?)

Que o mundo virtual fascina cada vez mais as novas gerações é fato, a indagação que surge a partir deste pressuposto refere-se ao impacto que esta nova realidade cultural causa nos futuros cidadãos. Crianças de 5 ou 6 anos dominam muito bem computadores com difícil execução e manipulam redes sociais com grande familiaridade. Parecem nascer com certa predisposição para toda viver essa realidade virtual.

Segundo estudos pessoas ficam em média cinco ou seis horas diante do computador interagindo com amigos, conhecidos e desconhecidos através de pequenas mensagens de textos das redes sociais. Em certos casos apresenta-se uma qualidade muito grande nos conteúdos, mostrando-se ser uma pessoa muito amigável e sociável. Surge então uma questão interessante, o mesmo desempenho social virtual é demonstrado nas relações “olho no olho”.
É certo que não segundo a psicóloga Sherry Turley (autora do livro “Alone Tougther”), pessoas viciadas em redes sociais fogem das relações “cara a cara”. Criam seus perfis online para fantasiar suas vidas e não encarar quem são na realidade. Isso se comprova se analisarmos alguns perfis sociais e mesmo a finalidade de determinadas redes sociais. Sente a necessidade de compartilhar fatos, acontecimentos e pensamentos em diversos momentos do dia como que na busca de afirmar uma realidade que pode ou não fazer parte da personalidade do indivíduo.

Certas pessoas são mais sociáveis que as outras, possuem maior facilidade em estabelecer relacionamento. Em muitos casos as redes sociais seriam um instrumento obsoleto ou até mesmo sem grande funcionalidade para estas pessoas, sendo utilizado como canal de informação e interação mais sadio. Pessoas mais tímidas e com dificuldade de estabelecer esse contato interpessoal estariam predispostas a desenvolver certa dependência de rede social. A busca é sincera, a realização de uma necessidade humana em estabelecer contato e relações. Mas as consequências podem ser a frustação de não se realizar neste contato virtual.

Segundo dados do próprio Facebook (rede social com maior difusão no Brasil) cerca de 500 milhões de usuários em todo o mundo possuem perfil nesta rede social. Uma verdade sociedade paralela da que estamos inseridos. Não se pode coloca-la como vilã, mas a justa prudência é necessária para se estabelecer relações sólidas e humanas. O virtual não substitui a carne, somos seres personalista, dotados de “pessoalidade” que necessitamos de contato físico e o olhos nos olhos de quem estamos mantendo relação. Mas se bem utilizado, é uma ferramenta muito eficiente para se informar, comunicar e interagir num universo paralelo e vasto.